Toda manhã é o mesmo ritual. Saio de casa às 6:30h em ponto para levar meus filhos à escola, cujas aulas só se iniciam às 7:00h, sendo o trajeto de meu apartamento até lá vencido em 4 a 6 minutos.
Por que tão cedo? Perguntariam os leitores atentos. Explico. Meus filhos estudam num grande e tradicional colégio da zona sul de São Paulo, cujas dependências contemplam um belíssimo estacionamento subterrâneo, ao estilo dos melhores shopping centeres da cidade.
Acontece que o número de alunos é proporcional à magnitude física da escola e, depois das 6:40h, a fila para entrar estende-se por quadras inteiras e por vezes demora-se 10, 15 minutos para alcançar a entrada. Tem coisa mais angustiante do que começar o seu dia antes das 7:00h metido numa enorme fila?
Justamente para evitar esse transtorno, prefiro sair uns minutos mais cedo e entrar tranquila para deixar meus filhos. Tranquila é força de expressão. Dentro do estacionamento existe outra infindável fila para uma área denominada desembarque, onde – como bem informa o nome – é possível encostar o carro junto ao meio-fio para que as crianças desçam em segurança. Como a maioria opta por esse sistema, a fila é bem grande.
Quem preferir, pode dirigir-se até a área das vagas, estacionar o seu veículo, descer com as crianças e acompanha-las até a entrada. Essa é a minha opção diária, já que gosto de me despedir dos meninos com calma. Eu e a minha calma!
Existe porém um terceiro e infame grupo: o daqueles que querem tirar vantagem de tudo. Não enfrentam a fila do desembarque porque muito extensa, mas também não pretendem estacionar e descer com as crianças, pois esse pequeno gesto de carinho para com seus filhos certamente demanda um tempo bem maior do que estão dispostos a dedicar, cerca de 3 ou 4 minutos. Aí o que fazem? Simplesmente estacam seus veículos no meio do corredor destinado aos que querem estacionar e, ali mesmo desembarcam seus rebentos, atrapalhando os que estão manobrando e, pior de tudo, expondo seus filhos a risco de acidentes.
Certamente acreditam que os inúmeros motoristas que estão na fila do desembarque são menos ocupados, menos inteligentes, não têm mais o que fazer. O que pensam então daqueles que, como eu, estacionam o carro na vaga e acompanham os filhos até a entrada? Melhor nem tentar adivinhar.
Agora, cá entre nós: será que se esquecem de quem estão levando e para onde? Preferem viver sob o anúncio do velho dito “faça o que eu digo, não o que eu faço”. É mais cômodo, menos dispendioso. Nem se dão ao trabalho de parar para refletir sobre seus atos e finalmente entender que crianças e jovens nada aprendem com discursos vazios, mas sim com exemplos e atitudes.
O que será dessa orbe de filhos que mal acordaram e vêem os próprios pais diariamente a burlar as regras e a sinalização do estacionamento da própria escola? Oxalá ajam em seu favor os hormônios da adolescência, transformando-os em verdadeiros contestadores das ações daqueles que lhes deveriam servir de exemplo.