Fábulas: O Livro do Amor é o primeiro encadernado da série que apresenta mais de um arco de histórias dentro da mesma publicação. Além da história principal, protagonizada – entre várias outras personagens – por Bigby Lobo e Branca de Neve, temos uma curta introdução feita pela primeira história solo do João das Lorotas, começando a explicar quem e como ele se tornou o que é hoje e termina com um conto sobre os habitantes de Smallville (que não é a cidade do Superboy), e Polegarzinha.

Os contos americanos do João: Saco de ossos
A primeira história solo do João, bem antes de pensarem dar um spin-off próprio para ele, mostra o larápio durante a Guerra Civil americana, usando de seus truques e mentiras para conseguir, entre outras coisas, um cargo de chefia no exército para conseguir fama, glória, dinheiro e uma loira sulista gostosona.
A história não é das melhores, e o traço também não, porém os leitores já conseguem ter uma visão muito boa da personalidade criada para João dentro do mundo de Fábulas. Além de toda a baixaria e traquinagem tradicional de uma história com o personagem, vemos ele enganando, seguidamente, o diabo e a morte. Mais liso que peixe ensaboado, esse João.
O Livro do Amor
Depois da história de João chegamos no arco principal da revista. A história começa com a Bela Adormecida arrumando trabalho para Bigby Lobo, Barba Azul e turma depois de dormir dentro de uma loja de roupas de mundanos, após espetar o dedo em uma peça de roupa.
Na sequência temos a volta de Cachinhos Dourados, aquela que atravessou a cabeça da Branca de Neve com um tiro de rifle, escondida dentro da cidade das fábulas. Muita coisa acontece até culminar em um plano dela junto com o Barba Azul para matar, de uma vez só, Branca e Bigby.
O exílio, perseguição e tentativa de assassinato dos dois dura grande parte da revista e acaba sendo mais interessante e divertida que a ação em si. Nos diálogos entre Branca e Lobo começamos a entender melhor como funciona o dia-a-dia do “investigador” da cidade das fábulas, porque Bigby fuma tanto, descontroladamente, e – o mais divertido da revista – descobrimos um pouco da história “familiar” de Lobo, de como ele soprava e soprava e soprava e, pela primeira vez, vemos suas formas não humanas. E é DEMAIS.
A história conclui de uma forma bem menos dramática do que o encadernado anterior, e parece até um pouco de covardia, visto que você já começa a ver Bigby como um cara boladão forçudo que ninguém consegue fazer nada mas, mesmo assim, a história é muito boa e, para compensar, mata um grande personagem que muita gente vai achar que não deveria ter morrido agora.
Obs.: Esse é um grande problema das publicações em encadernados aqui no Brasil. Acompanhando Fábulas mensalmente, como sua publicação original, a morte supracitada ocorreria depois de mais de um ano de história acontecendo. Vendo pelos encadernados soa algo muito recente, você mal conheceu o personagem e ele já morreu. Complicado.
Noivas da Cevada

Fechando a revista temos uma pequena história que conta a origem de Smallville (ou Pequenópolis), a cidade das mini pessoas habitada, originalmente, somente por homens. Esse é o plot do roteiro que explica como as fábulas resolveram seus problemas de falta de mulheres voltando ao reino das fabulas, abrigando Polegarzinha e usando muita noiva de cevada. Essa só vai entender quem ler.
A história, apesar de curta é muito boa porém a arte peca enormemente. É sofrível acompanhar com um desenho tão, tão… Bah. Destoa demais da qualidade usual de todas as publicações anteriores. Claramente uma história feita para preencher cota e tapar buraco de um grande arco na sequência.
Apesar dos pesares, excelente revista e assim como as outras, indispensável.